Sob forte comoção, parentes e amigos de Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8 anos, reuniram-se no Cemitério de Taguatinga para dar o último adeus à menina.
Nesse domingo (13/4), ela não resistiu e teve a morte cerebral confirmada, dias após inalar gás de desodorante aerossol por causa de um “desafio” que circula na plataforma TikTok.
Emocionada, a família de Sarah Raíssa não conseguiu conter as lágrimas. “Por favor, Sarah, não nos deixe”, lamentou uma das pessoas presentes. O velório, que começou por volta das 14h, seguirá até as 16h, quando o corpo da criança será sepultado.
Em uma breve conversa com jornalistas, o pai de Sarah Raíssa, Cássio Maurilio, contou sobre os planos da filha para quando se tornasse adulta. “Eu a incentivava a estudar. Ela dizia que iria, mas não para ganhar dinheiro, e, sim, para salvar vidas. Ela queria ser médica”, contou.
Ainda segundo Cássio, a família pretende cobrar providências do TikTok e da empresa fabricante do desodorante usado pela menina. “Nada do que eu fizer agora vai trazê-la de volta, mas, se minhas palavras impedirem que outras pessoas percam a vida, estarei satisfeito”, completou o pai.
Ex-professora de Sarah na Escola Classe (EC) 6 de Ceilândia, Izabella Nogueira contou que a menina era uma aluna muito tranquila e que cativava a todos.
“Nós [professores] os ensinamos a sonharem ser médicos, enfermeiros, a bater asas… Hoje, temos de entregar um deles ao Senhor. Eu entendo que tudo é do Pai, mas hoje é um dia muito difícil para a gente e para nossa escola, pois nossos alunos fazem parte de nosso coração”, lamentou a educadora.
“Trend” do TikTok
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) detalhou que Sarah Raíssa deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na quinta-feira (10/4), após ter inalado gás de desodorante. A menina teria sido influenciada por uma “trend” – algo que se tornou popular – do TikTok.
Sarah Raíssa chegou à unidade de saúde com uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte da equipe de saúde.
Ela, no entanto, não respondeu mais aos estímulos e a morte cerebral foi confirmada nesse domingo (13/4). Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao “desafio”. O caso é apurado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro).
Delegado-chefe da 15ª DP, João Ataliba Neto afirmou que o responsável pela publicação da “trend” poderá responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado: pelo uso de meio que pode causar perigo comum e pelo crime ter ocorrido contra menor de 14 anos.
Somados, os tempos das penas podem chegar aos 30 anos de prisão, em caso de condenação.
Fonte: Metropoles